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Noticias & Informações #29

Yooo depois de alguns tempo off, trago algumas curiosidades de cinema japones e algumas curiosidades novas e velhas sobre Dragon Ball!!!!!
 Enjoy.

Você Não Sabia? - Dragon Ball


Dez filmes japoneses que você precisa conhecer


Melhor ainda se puder assistir.

Não são necessariamente os dez melhores nem os dez mais importantes ou conhecidos, são apenas alguns dos títulos do cinema nipônico que eu considero relevantes aos fãs da cultura japonesa – por razões diversas. Alguns foram tão extraordinários para a história do cinema mundial, que são usados como referências em matérias ou artigos nas mais diversas áreas do conhecimento. Outros fazem parte do grupo das melhores coisas que o Japão produziu nos últimos anos. A ordem de apresentação não é qualitativa, nem mesmo cronológica. O único critério foi dar algum sentido no texto, e apenas isso.
Rashomon
(
羅生,1950)
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 “Ouvi dizer que o demônio vive aqui em Rashomon, fugindo com medo da ferocidade do homem”
Rashomon, de Akira Kurosawa, é um título fundamental por dois motivos. Apesar de ter sido produzido há mais de 60 anos, continua atual (e genial) em argumento e estética. Além disso, foi o filme que abriu as portas do mundo ao cinema japonês. Foi o primeiro título do país a faturar um prêmio internacional de prestígio, o Leão de Ouro em Veneza, menos de uma década após o término da Segunda Guerra, período no qual os japoneses ainda eram odiados por muitos e o Japão como um todo era visto sob um véu de desconfiança.
Baseado em dois contos de Ryunosuke Akutagawa, um dos principais nomes da literatura japonesa moderna, Rashomon mostra a história de um crime. No Japão do séc. XII, o bandido Tajomaru violenta uma mulher e assassina o marido dela. A ocorrência é contada por quatro pessoas diferentes: o criminoso, a viúva, o marido assassinado (por intermédio de um xamã) e um lenhador que observava a cena de longe, no papel de testemunha não envolvida.
“A vida realmente é delicada e passageira, como o orvalho da manhã”
Os quatro relatos são, no entanto, contraditórios entre si. Mas todos válidos, pois Kurosawa não eleva em dignidade nenhum dos discursos. Com base nos depoimentos, nunca ficaremos sabendo dos fatos objetivos do crime. Alguém está dizendo a verdade? Ou será que todos os discursos escondem algo, revelando apenas o que os envolvidos julgam interessante expor?
O impacto de Rashomon na cultura global é tão significativo, que ele é usado em textos e aulas nas áreas do Direito e da Psicologia para exemplificar questões como a credibilidade de um testemunho no tribunal. Clássico absoluto do cinema japonês, conta com a interpretação excepcional de Toshiro Mifune, que costuma bater cartão nos filmes mais antigos do Kurosawa. O filme foi lançado oficialmente no Brasil em DVD pela Continental.
“- Se os homens não puderem confiar nos outros, esta terra poderia perfeitamente ser o inferno.
- Certo. O mundo é uma espécie de inferno.
– Não! Não quero acreditar nisso!
– Ninguém vai ouvir você, não importa o quanto você berre. Pense: em qual dessas versões da história você acredita?
– Nenhuma delas faz sentido.
– Não se preocupe com isso. Os homens não fazem sentido.”
Hana-Bi
(Fogos de artifício,
, 1997)
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“Oscilante entre a impiedosa hiperviolência kitaniana e as nuanças mais delicadas do amor e da amizade” Maria Roberta Novielli
Kurosawa abriu os olhos do Ocidente para o cinema japonês com Rashomon, mas levou 46 anos para outro nipônico conquistar a mesma premiação na Itália. O mérito cabe a Takeshi ‘beat’ Kitano, que em 1997 foi reconhecido por Hana-Bi. O termo em japonês significa fogos de artifício, mas é formado pelos ideogramas de flor e fogo, metáforas escolhidas pelo comediante para falar de vida e morte.
Kitano é conhecido no Japão como comediante de televisão e usualmente trabalha com os dois pés no humor negro. No cinema, as coisas são diferentes. Hana-Bi pendula entre a ternura extrema e a violência exacerbada. Na história, Nishi é um detetive da Polícia que perde o horizonte da vida quando testemunha a desolação de muitas pessoas que lhe são caras. Sua esposa descobre ter uma doença terminal. Seu amigo fica paralítico após uma emboscada da máfia e é abandonado pela família, sendo drenado pela solidão. Fatigado, Nishi radicaliza sua vida e não medirá esforços, mesmo ao custo de inúmeros crimes, em nome da vingança. Intercalando com momento de intenso carinho com sua esposa.
“Não se preocupe. Você é muito amável. Depois de tudo, meu marido morreu cumprindo o seu dever. Por causa da recessão, é muito difícil conseguir um bom trabalho, mas estou trabalhando em uma lanchonete. O mais difícil é… quando meu filho me diz que sente saudades do papai”
Hana-Bi é uma repaginação pop de elementos dos filmes de Yakuza, e pode tranquilamente agradar uma audiência que aprecia a violência de Quentin Tarantino (Kill Bill, Bastardos Inglórios, Pulp Fiction). Mais do que isso, acredito que pode ser uma boa porta de entrada para o gênero dos filmes de máfia japonesa (Yakuza Eiga), como Sangue de Vingança (Meiji Kyokyakuden – sandaime shumei, 1965) e Luta Sem Código de Honra (Jingi Naki Tatakai, 1973). Com o diferencial de ter também uma sensibilidade apurada e não ficar restrito a um festival de sangue e tiroteios. O silêncio em Kitano, que pouco fala nesse filme, muitas vezes diz mais do que a verborragia tarantinesca.  
Império dos Sentidos
(Ai no Koriida,  
愛のコリーダ, 1976) (NSFW, +18)
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“Por quatro dias, carregando consigo parte do corgo de Kichi-san [pênis], Sada vagou por Tóquio. Quando foi presa, pôde ser visto um sorriso incomum em seu semblante. O caso chocou a opinião pública do Japão, e a compaixão do povo a tornou estranhamente popular. Tal acontecimento data de 1936”
Mais de quatro décadas separaram o Leão de Ouro de Kurosawa e Kitano, mas isso não significa que o Japão não produziu nada de estrondoso nesse intervalo. Ao contrário. É japonês um dos filmes mais debatidos, talvez o mais polêmico da década de 70, conhecido no Brasil como Império dos Sentidos (ou Tourada do amor, numa tradução literal). Tem o mérito de ser considerado, sem maiores contestações, o melhor filme erótico de todos os tempos. Na narrativa, baseada em fatos reais, vemos o amor obsessivo desperto pelo patrão Kichi na empregada e ex-prostituta Sada Abe. A relação, que a princípio era apenas uma inconsequente diversão “afetiva”, logo evolui numa escalada de práticas sadomasoquistas que culminam com a morte do homem por estrangulamento. Pessoas tão profundamente apaixonadas que terminam consumidas pelo sentimento, um conceito que os franceses chamam de l’mour fou.
A película tem uma exploração subversiva que vai muito além da mera pornografia. Na cena mais clássica, tropas do Exército Imperial marcham rumo à guerra, apoiadas pela população, enquanto o amante ruma no sentido oposto em direção à amante, numa alusão àqueles que não se integram na sociedade e não se comportam segundo os valores vigentes. A própria relação do casal é virada de cabeça para baixo; ele, o patrão que a conquistou com sua posição social, é sumariamente dominado pelos anseios da amante, numa sociedade com valores abertamente masculinos como a japonesa. Alguns enxergam no filme uma negação ao Japão consumista dos anos 70.
O filme tem várias cenas de sexo explícito e uma infinidade de outras situações eróticas. De modo curioso, ele é censurado até hoje no Japão. Enquanto Nagisa Oshima se tornou o segundo diretor japonês mais lembrado no Ocidente por conta deste filme (atrás apenas do Kurosawa), no Japão ele é um semi-desconhecido e sua morte passou em branco na Terra do Sol Nascente esse ano. Acho imprescindível que você saiba da existência desse filme, mas só recomendo se for um entusiasta do Cinema. Se você procura justamente a sacanagem pela sacanagem, advirto que este não é o melhor material para as suas intenções. Filme disponível oficialmente em DVD no Brasil. Você acha o trailer com facilidade no Youtube.
Kwaidan
(
怪談, 1965)

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“Um oásis de beleza perdido dentro do gênero comumente conhecido como ‘horror’ ou ‘terror’”
Até o momento citei o reconhecimento ocidental por obras japonesas mais intelectualizadas, todavia, nas últimas duas décadas, os filmes do Japão que mais se destacaram por aqui foram do gênero terror; Principalmente após adaptações americanas de produções nipônicas, como O Chamado (adaptado de Ringu), O Grito (adaptado de Ju-On) e Água Negra (adaptado de Honogurai Mizu no Soko Kara). Os filmes de terror japoneses se diferenciam pela própria forma como asiáticos e ocidentais imaginam e interpretam a existência do sobrenatural.
A onda do J-horror é muito mais antiga do que as pessoas imaginam. Sua primeira grande obra cinematográfica é Kwaidan, dirigido por Masaki Kobayashi quase quatro décadas antes de Ringu. Financiado pela Toho, foi o filme mais caro produzido no Japão até aquela época. Ele  conta quatro histórias sobrenaturais procedentes da tradição oral do folclore japonês, trazendo para a linguagem cinematográfica elementos estéticos advindos dos teatros Kabuki e Bunraku (teatro de bonecos). Segue a sinopse do DVD:
  • O Cabelo Negro (Kurogami) - Samurai desolado com a pobreza e com o sofrimento abandona a esposa para se casar com uma moça mais rica e galgar algumas escadas sociais. Anos depois, arrependido, ele retorna aos braços dela no meio da noite.
  • A Mulher da Neve (Yuki Onna) - Dois lenhadores são pegos de surpresa durante uma nevasca e são obrigados a passar a noite numa cabana abandonada. O mais jovem deles presencia o momento em que uma pálida figura feminina entra no casebre e tira a vida do colega mais idoso, passando a conviver com este segredo durante anos.
  • Hoichi, o Sem Orelhas (Mimi-nashi Hoichi) - Noviço cego residente em um monastério, que possui raros talentos musicais, é abordado pelo fantasma de um guerreiro assassinado há séculos durante uma das grandes batalhas que ele retrata em suas músicas. No entanto, suas saídas noturnas para atender ao chamado do morto não passam despercebidas de seus superiores.
  • Em uma Xícara de Chá (Chawan no Naka) – Oficial de um destacamento militar é surpreendido pela imagem de um homem na água de sua xícara. Após beber a água com hesitação, ele passa a ser assombrado pela presença do homem da xícara.
Kwaidan foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e faturou uma Palma de Ouro em Cannes. Para uma audiência acostumada aos filmes extremos com cenas de tortura explícita e exorcismo da atualidade, Kwaidan pode parecer datado e não assustar como na época em que foi concebido, cumprindo mais um papel de suspense do que terror. No entanto, é uma obra mãe de todo um gênero que ajudou a disseminar o cinema japonês pelo mundo, merecendo a recomendação. Foi publicado no Brasil como Kwaidan – as quatro faces do medo e é distribuído pela Continental Home Video. Trailer em inglês aqui
Ran
(
乱, 1985)

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“O homem nasce chorando. Quando ele chorou o suficiente, ele morre.”
Antes que os desavisados de plantão protestem contra as adaptações americanas de histórias japonesas, é apropriado lembrar que este é uma via de mão-dupla. Prova disso é Ran de Akira Kurosawa, uma releitura da obra Rei Lear do inglês William Shakespeare, transposta ao Japão feudal. Na história ambientada no século XVI, o senhor feudal Hidetora, com a idade avançada e antevendo seu fim, resolve dividir seu reino entre os três filhos – Tarô, Jirô e Saburô. Ele não imaginava a disputa pelo poder que a decisão dele resultaria, gerando guerras e fragmentação do núcleo familiar. Ran é um olhar oriental sobre a obra do maior dramaturgo que este mundo já conheceu.
“Hidetora: Estou perdido…
Kiyoami: Assim é a condição humana”
O filme começa um pouco lento, mas ganha intensidade conforme avança. Tenha um pouco de paciência com o ritmo inicial (e com o bobíssimo bobo da corte), pois as cenas de batalha nos campos do Japão medieval são de uma beleza ímpar na cinematografia japonesa. Assim como Kwaidan, Ran (que significa caos) era o filme mais caro produzido no Japão até o seu lançamento.
Existe toda uma categoria de filmes de samurai (chanbara), mas muito do melhor deste gênero foi produzido entre os anos 40 e 60, como Os 47 Ronin (do mestre Kenji Mizoguchi, 1941), Harakiri (Masaki Kobayashi, 1962) e Os Sete Samurais (do próprio Kurosawa, 1954). São, portanto, filmes em preto e branco, com um ritmo um pouco diferente do que estamos acostumados. Ran, ao contrário, é colorido, tem uma direção mais moderna, mas ainda conta com a destreza impecável do Kurosawa na direção. Acredito ser uma introdução mais adequada ao chanbara. Aposto que após assisti-lo, você ficará com vontade de ver mais filmes ‘de espada’ (chanbara é na verdade uma subcategoria do jidaigeki do qual Ran faz parte). Distribuído em DVD no Brasil pela Universal Pictures. Trailer aqui.
Kiyoami – Não há deuses, não há Buda? Se existem, ouçam-me. Vocês são mesquinhos e cruéis! Estão tão entediados aí em cima que nos matam como insetos, para brincar? É divertido ver homens sofrendo?
Tango – Não blasfeme! Não vê que os deuses estão chorando? Eles nos observam e estão vendo que nos matamos continuamente ao longo dos tempos e não podem nos salvar de nós mesmos. Não chore! É assim que o mundo é feito: os homens preferem pesar à alegria, sofrimento à paz, alegram-se com sangue e dor!
A Partida
(Okuribito,
おくりびと, 2008)

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“É a minha mulher. Ela faleceu há nove anos. Todos os casais, eventualmente, são separados pela morte, mas é muito duro ser aquele que sobreviveu”
Produções japonesas recentes conseguiram destaque mundial também fora dos rótulos (J-Horror, Pinku Eiga e etc). Prova disso é o longa-metragem A Partida, de Yojiro Takita, que faturou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009, desbancando favoritos como Gomorra. No roteiro, a orquestra na qual Daigo Kobayashi toca subitamente se dissolve e o violoncelista se vê desempregado do dia para a noite. Sem saber o que fazer, com uma dívida adquirida, Daigo questiona-se se o sonho infantil de ser músico era realmente um sonho legítimo e, com o apoio da esposa Mika, retornam juntos para Yamagata, sua cidade natal.
Lá ele começa um novo trabalho. Bem remunerado, mas sem aceitação social. Ele se torna, no início com certo repúdio, um Nokanshi, uma espécie de agente funerário responsável pela preparação do corpo e procedimentos rituais – escondendo esse fato da própria mulher. No contato com a morte, Daigo busca o sentido para a sua vida. E daqui pra frente se desenrola um dos filmes mais afáveis produzidos nos últimos anos. Oficialmente distribuído no Brasil em DVD pela Paris Filmes.
Maborosi
(Maboroshi no Hikari,
幻の光, 1995)

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Yumiko: Eu apenas… Eu não entendo! Por que ele se matou? Por que ele estava caminhando ao longo dos trilhos? Essa dúvida vai e volta na minha cabeça. Por que você acha que ele fez isso?
Tamio: O mar tem o poder de seduzir. Lembre quando o pai estava pescando, certa vez ele viu um maborosi – uma luz estranha – longe no mar. Algo que estava acenando para ele… Isso acontece com todos nós.
Uma película japonesa multipremiada com uma pegada parecida com Okuribito é Maborosi, primeira ficção do documentarista Hirozaku Kore-eda. Nela, Yumiko é uma mulher com um casamento feliz, amada pelo marido e com um filho recém-nascido. Certo dia ela recebe a notícia de que seu cônjuge faleceu na linha do trem, num suposto suicídio. O choque se alimenta de um antigo trauma e Yumiko abandona a cosmopolita Osaka, dominada pela apatia e melancolia de se sentir responsável por trazer desgraça àqueles que ama.  Tem um ritmo mais lento e a expressão das emoções são bem japonesas, enquanto A Partida ainda flerta com o humor de vez em quando. Não há muito que descrever nesse filme, é melhor assistir.
HELTER SKELTER
(
ヘルタースケルター, 2012)

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“A coisa mais fascinante sobre o estrelato [stardom] é que é um tipo de deformidade, como o câncer. Um rosto fascinante, à beira do colapso. A pele e os movimentos musculares não correspondem à estrutura óssea. Parece bom, mas está desbalanceado. Está prestes a ruir (…). Bonita por fora, mas como uma fruta devorada por insetos por dentro”
É importante quando um filme japonês toca temas humanos universais e extrapola suas fronteiras, como A Partida, tornando pequenas as diferenças culturais entre as nações. É igualmente significativo, por outro lado, quando os japoneses miram seus problemas caseiros e falam de problemas que dizem respeito ao modo de vida da sociedade deles. É o caso de Helter Skelter, adaptação cinematográfica do mangá homônimo de Kyoko Okazaki, dirigido por Mika Ninagawa.
A temática do filme não é novidade. Lilico é a grande idol do momento no sistema de entretenimento japonês – ou, a melhor idol de todos os tempos da última semana. Seu rosto estampa todas as capas de revistas. As mulheres querem ser como ela, os homens querem… ela. Toda a sua beleza, contudo, está assentada em diversos procedimentos cirúrgicos insustentáveis. Aos poucos seu corpo começa a ruir e uma nova idol – com tudo no lugar, ao menos por enquanto – toma-lhe inteiramente o fugaz destaque midiático. Daí para frente testemunhamos a derrocada do corpo e da sanidade de Lilico, cuja auto-estima estava inteiramente escorada por sua beleza física e notoriedade pública. O assunto não é novo, mas é relevante para a Ásia. Em países como Japão, China e Coreia do Sul, mais do que aqui, padrões de beleza surreais estão gerando uma epidêmica crise de ansiedade sem precedentes.
“Há uma voz dentro de mim. Tic tac, tic tac, ela diz. Dizendo-me para que eu me apresse. A voz dentro de mim diz que algo vai acabar em breve” Lilico
O filme também é irônico, pois usa a ótima atriz Erika Sawajiri para representar Lilico. A vida pessoal da Sawajiri no mundo real se assemelha muito à vida de Lilico na ficção. Começou como uma esperançosa e nínfica idol fazendo vídeos de biquíni (foi Visual Queen da Fuji TV em 2002), virou uma respeitosa atriz de doramas (Ichi Rittoru no Namida e Taiyou no Uta), e hoje faz Helter Skelter, com encenações de nudismo, beijo homossexual e sexo – enquanto sua vida pessoal é rodeada de boatos sobre consumo de drogas, além da demissão da agência de talentos por comportamento indevido. Em outras palavras, o ciclo de vida de uma idol japonesa, com sua ascensão e queda, se turva entre real e ficção. Não há mais fronteiras entre intérprete e interpretado. Diferente de alguns dos filmes citados acima, a direção é muito moderna e corajosa – ritmo incomum no cinema japonês. A decupagem é frenética e a narrativa não é linear. Os cenários são lindos e a atuação da Sawajiri rouba a cena. Além disso, tem fanservice com a protagonista de Um Litro de Lágrimas  hehe ;).
Love & Pop
(
ラブ& ポップ, 1998)

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“Enquanto você está nua desse jeito, alguém, em algum lugar, está se sentindo inconsolavelmente triste”
Se Helter Skelter toca um problema fortemente nipônico, mas ainda global, Love & Pop é um filme muito interessante que trabalha todo o seu roteiro em cima de um problema quase exclusivo do Japão: O enjo kosai. Love & Pop, adaptação de um romance de Ryu Murakami (não confundir com Haruki), foi o primeiro filme dirigido pela estrela da indústria dos animes, Hideaki Anno, a mente por trás de Neon Genesis Evangelion. Nos anos 90 a crise econômica abalou o poder de compra de muitos japoneses. Várias meninas em idade escolar, para não diminuir seu padrão de consumo, passaram a participar de encontros compensados (com ou sem sexo) com homens mais velhos, conseguindo assim dinheiro para bancar itens de luxo. Alguns encontros pagos exigiam apenas que a menina acompanhasse o homem solitário até algum passeio, uma refeição ou um karaokê, onde ele poderia usufruir da presença de uma jovem por algumas horas. Outros, desbancavam para a prostituição e até abuso sexual da menor, com casos extremos de assassinato e esquartejamento. O enjo kosai foi um sério problema social do Japão na década de 90.
O filme cobre 24 horas do dia de Hiromi, uma estudante que fica encantada com um anel e resolve aderir ao enjo kosai. O filme foi um dos primeiros a serem gravados com tecnologia digital e faz uso de muito experimentalismo na escolha dos ângulos (muitas vezes geniais, por vezes amadores). Ao colocar a câmera na cabeça da atriz e captar seus reais movimentos, Anno mandou uma mensagem à juventude japonesa dos reais perigos e da depravação moral do ato. O público via a menina com as pernas abertas pela perspectiva da menina. O jogo de câmeras é sempre muito fechado e vouyerístico. Anno não te dá a opção de escolher para onde olhar, como possibilita uma tomada mais aberta. Ele fecha a câmera no detalhe e violenta o espectador, obrigando-o a assistir as cenas mais pesadas como um participante da cena. Com o filme ele tenta dialogar diretamente com as meninas que não precisavam se prostituir na então segunda maior economia do mundo. A abordagem é adolescente, afinal, esse é o target. Pela temática restrita, o filme não tem reputação nem circulação internacional, e por isso mesmo ganhou um espaço nesse post.
Otoko Wa Tsurai Yo
(É Duro Ser Homem,
男はつらいよ)

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“É inegável que há algo de ‘mesmice’ e previsibilidade nos filmes de Otoko wa Tsurai Yo, mas muito do que atraiu o público japonês aos cinemas ao longo das décadas para ver as histórias de Tora-san está na familiaridade e na saudade de um estilo de vida que seus filmes inspiram. Diferente dos atuais estilos de vida urbanos do Japão, no qual vizinhos mal se falam e salarymen e Office ladies viciados em trabalho vivem em endinheirada solidão” Cristiane Sato
Otoko Wa não é um filme, é um colosso cinematográfico. Segundo o Guinness, a mais longa série de filmes já produzida por um único diretor (Yoji Yamada). São 48 longas realizados em 27 anos pela Shochiku. Comédia de costumes tradicionalmente lançado no dia do ano novo, tornou-se um habitual compromisso das famílias japonesas nas frias viradas de ano. Seu protagonista, Torajirou Kuruma (Tora-san) é de longe o personagem mais famoso do país. Assim como no anime Sazae-san, os autores foram mantidos por décadas, e as histórias acompanhavam a evolução de vida deles.
A série de filmes segue uma fórmula batida e insistentemente reproduzida (talvez nisso resida o valor da franquia). Tora-san, como define a Sato, é tímido com as mulheres ainda que romântico, impulsivo e irresponsável, mas honesto. Pressionado pela vida, resolve viajar para algum canto do Japão (viajou para todas as províncias!). Lá encontra uma bela mulher, se apaixona, se ilude, acaba envolvido em algum problema, se desilude e volta pra casa, sozinho e resignado. Tora-san não encontra o seu amor. A série, que buscava mostrar o cotidiano, acabou sendo um retrato da evolução histórica de Tóquio. Doces, vestuário, arquitetura, penteados e relacionamentos pessoais de um mundo suburbano que foi soterrado por aço e concreto. Inexplicavelmente desconhecida fora do Japão. 


Fontes:  Chuva de Nanquim ;  Canal você não sabia


Ja ne mina san


DBatta
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"A fragrância do inverno trás lembranças....daquele dia, daquele tempo e de seus olhos.” Tite Kubo
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